Mito 1 – É mais fácil cuidar de aves do que de cães
Na verdade as aves necessitam de uma maior dedicação do que os cães. Os cães têm uma devoção quase incondicional pelos donos, enquanto que uma ave necessita de ser bem tratada e de atenção para se desenvolver de forma equilibrada e estabelecer uma relação de companheirismo com o dono. Tanto cães como aves necessitam de atenção, exercício, treino e dedicação, mas os cães não necessitam de comida fresca diariamente, limpeza diária do local onde dormem e não passam pelas alterações marcadas de comportamento aquando da maturidade sexual que os papagaios sofrem.
Mito 2 – Trazer para casa um papagaio que ainda não esteja “desmamado” vai ajudar a criar um laço mais forte com o dono
Este é um mito que não é verdade, mas acaba por ser difícil de desmentir, por estar já tão generalizado. Não é só o passa-a-palavra que é responsável por este mito, mas também alguns criadores propagam-no para se desfazerem do trabalho de criar à mão a ave mais cedo.
Se um papagaio for bem socializado, vai transferir o laço que estabeleceu com o criador para o futuro dono. Criar uma ave à mão é uma tarefa exigente e que deve ser feita por profissionais. O manuseamento, a dieta e o ambiente em que a ave está inserida são determinantes para o desenvolvimento futuro do papagaio. Na verdade, se for o futuro dono a ficar com esta tarefa, em vez de estar a promover a relação com a ave, pode, por inexperiência ou desconhecimento acabar por a prejudicar. Não são tão raros os problemas de saúde que a ave pode desenvolver devido a uma má alimentação e num estado tão frágil, os mais pequenos pormenores podem ditar a diferença entre a vida e a morte.
Mito 3 – Os papagaios são animais de um só dono
Na natureza, os papagaios são animais muito sociáveis. Estabelecem vários tipos de relacionamentos, alguns mais intensos, outros circunstanciais, mas dão-se bem com muitos papagaios diferentes. Os relacionamentos mais próximos são estabelecidos com os progenitores, irmãos e mais tarde com o parceiro, mas apesar de ser monogâmico, não deixa de se relacionar com outras aves.
Um papagaio só se torna uma ave de um só dono se for encorajado a isso. Muitos donos não se apercebem de que o estão a fazer, mas a verdade é que acabam por recompensar o papagaio quando este se mostra ciumento, territorial e possessivo. Rir quando o papagaio bica um desconhecido e não socializar a ave correctamente são alguns incentivos comuns.
Mito 4 – Adquirir um segundo papagaio vai manter o primeiro acompanhado e exigir menos do dono
Como o papagaio é um animal que necessita de companhia e muitas vezes os donos acabam por não ter o tempo desejado para eles, a solução encontrada é adquirir um segundo exemplar. Contudo, isto não vai aliviar a carga de trabalhos do dono. Se o objectivo não é domesticar os papagaios, as aves acabam por viver felizes juntas. Mas se o que pretende é manter um laço com os animais, então vai ter de dedicar tempo individual com cada uma das aves. Ou seja, a dedicação aos papagaios passa a ser redobrada. Os papagaios juntos na mesma gaiola em princípio vão formar um laço mais forte um com o outro do que com o dono. O treino e a obediência podem sair prejudicados e a única forma de contornar isto é passar tempo com as aves e treiná-las individualmente.
Mito 5 – Quando um papagaio começa a ter comportamentos indesejáveis, já não há solução para eles
No mundo dos papagaios, a prevenção é de facto o mais importante, mas isso não quer dizer que não seja possível solucionar problemas comportamentais. Na verdade, não podemos dizer em termos simples que o papagaio está a portar-se mal se não lhe ensinamos ainda como é portar-se bem. Numa primeira fase, os papagaios vão agir como o fariam na natureza, para o domesticar é necessário treino. Os problemas comportamentais podem ser resolvidos também com treino. Embora não haja soluções fáceis, com paciência e dedicação consegue-se trabalhar qualquer problema comportamental e quando não resolvê-los, pelo menos atenuá-los.
Mito 6 – Os papagaios formam laços com pessoas de determinado sexo
É comum ouvir dizer que determinado papagaio não gosta de homens ou mulheres ou que os papagaios machos só criam laços com mulheres e papagaios fêmeas com homens. A verdade é que os papagaios não conseguem distinguir o género dos humanos. Alguns papagaios podem ganhar aversão ou simpatia por determinada característica que pode ser mais feminina ou masculina, como por exemplo, bijuteria. Típico das mulheres e que tipicamente atrai papagaios. Contudo se for usada por um homem, continuaria a atrair estas aves. O mesmo pode-se dizer da voz, mais fina ou mais grossa, tamanho do cabelo, etc. Existem mulheres com voz grossa e homens com voz mais fina e caso o papagaio se guie por esta característica, a preferência não é por homens ou mulheres, mas sim por pessoas de voz fina/grossa.
Os papagaios não têm qualquer referência para o que distingue o sexo masculino do feminino nos humanos. Mesmo se andássemos sem roupa junto destas aves seria difícil que elas associassem as características que compõem os machos e as fêmeas nos humanos.
Originalmente publicado na Arca de Noé: Fonte
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