AquOs peixes são ainda encarados como animais frágeis com uma esperança curta de vida. Na verdade, existem muitas espécies com uma esperança média de vida que passa os 10 anos e aquilo que mais contribui para o encurtar da vida dos peixes é um inimigo mortal e silencioso que passa despercebido à grande parte dos aquariofilistas inexperientes: a qualidade da água do aquário.

A qualidade da água do aquário não depende só da água que se usa: não é por utilizar água “do garrafão”, ou seja, água comprada, que está a assegurar que os parâmetros químicos da água são correctos. Na verdade, as características da água do aquário estão em permanente mudança e é preciso monitorizá-las.

Parâmetros que devem ser observados na água do aquário

PH

A água pode ser ácida, alcalina ou neutra conforme a proporção de compostos alcalinos e ácidos presentes. A grau de acidez da água é expresso pelo Ph cuja escala vai desde 0 a 14. A água neutra tem um Ph igual a 7; a água com um Ph inferior é ácida e quanto menor o Ph, mais ácida é a água; a água com Ph superior a 7 é alcalina e quanto mais alto o valor, mais alcalina é a água.

O Ph da água deve ajustar-se às necessidades das espécies residentes no aquário, embora valores abaixo de 5,5 e acima dos 9 Ph sejam prejudiciais aos peixes.

O Ph varia com a quantidade de oxigénio e dióxido de carbono presente. O oxigénio faz aumentar o Ph e o dióxido de carbono acidifica a água.

O grau de acidez da água deve ser monitorizado constantemente, pois valores inadequados podem ditar a morte dos peixes no aquário. É importante estar atento quando há trocas parciais de água, pois a adição de água limpa geralmente provoca uma alteração no grau de acidez da água.

Dureza da água

A água tem dissolvidos vários sais minerais que lhe conferem um variado grau de dureza. A água que contém muitos compostos químicos de metais é mais dura do que aquela que contém poucos. Os sais que mais contribuem para a dureza da água são o cálcio e o magnésio. O zinco, ferro e alumínio podem também ser contabilizados.

A unidade utilizada para medir a dureza da água é GH ou, medida em graus, ºdGH. A água entre 0 e 4 ºdGH é mole; entre 4 e 8 ºdGH é pouco dura; entre 9 e 12 ºdGH trata-se de água dura; a partir dos 20 ºdGH já é muito dura.

A dureza da água depende das necessidades das espécies residentes. Contudo, mesmo na natureza, a dureza pode ter oscilações consideráveis. A água mole geralmente só é necessária para peixes muito sensíveis, como por exemplo os Discos. Geralmente a dureza da água de um aquário oscila entre os 5 e os 12 ºdGH.

Compostos de azoto

Os compostos de azoto resultam da decomposição de peixes, plantas e comida e das fezes e urina dos animais do aquário. Devida à elevada concentração de peixes num aquário, quando comparada à concentração na natureza, os compostos de azotos atingem níveis letais para os peixes se não forem transformados. A transformação dos compostos de azoto em compostos menos tóxicos é feita pelas bactérias que se acumulam geralmente no filtro do aquário. A este processo chama-se ciclo do azoto ou nitrogénio

Amoníaco e amónia

Os compostos orgânicos num aquário podem resultar na acumulação de amoníaco ou amónia, dependendo do grau de acidez da água. Se a água for ácida, forma-se amónia, pouco tóxica para os peixes, se a água for alcalina, que é requisito para grande parte dos peixes tropicais, forma-se amoníaco que é muito tóxico, mesmo em pequenas quantidades.

Assim, um aquário com água suja não é perigoso para os peixes, desde que o Ph se mantenha abaixo dos 7. Ao fazer trocas parciais de água e juntar água da corrente que é ligeiramente alcalina, pode fazer subir o Ph, o que vai levar à transformação da inofensiva amónia no venenoso amoníaco e causar a morte da população do aquário. Uma forma de contornar este problema é acrescentar pelo menos dois terços da água total para diminuir a concentração de amoníaco.

A concentração de amoníaco deve ser o mais próximo de zero possível.

Nitritos e nitratos

Nos aquários em ciclo, a colónia de bactérias assegura a constante transformação de amónia em nitritos, também tóxicos, e destes em nitratos, inofensivos. As principais preocupações devem ser com o nível de oxigénio, pois para estas transformações ocorrerem é necessário que haja oxigénio na água. Se não houver oxigénio suficiente na água, para além de os peixes não conseguirem respirar, este processo pára ou reverte-se, ou seja, as transformações dão-se ao contrário até se formar amónia ou amoníaco e assim envenenar os peixes.

Oxigénio

Todos os seres vivos necessitam de oxigénio e tanto as plantas aquáticas como os peixes respiram o oxigénio que se encontra dissolvido na água. As plantas produzem mais do que consomem, mas os peixes e o ciclo de nitrogénio consomem muito oxigénio.

Nos aquários plantados pode haver uma grande oscilação da quantidade de oxigénio dissolvida na água, já que as plantas libertam oxigénio quando expostas ao sol. As oscilações de oxigénio não são problemáticas, desde que não desçam abaixo dos 4mg/l.

Para aumentar a quantidade de oxigénio na água, basta agitar a superfície da água.

Fosfato

O fosfato é essencial para a sobrevivência dos peixes, formação do esqueleto, e plantas, metabolismo. Contudo, não há carência de fosfato na água do aquário, pois este forma-se a partir dos restos de comida. O problema que se põe em alguns aquários é o nível elevado de fosfato. O aquário não deve ter mais de 5 mg/l de fosfato.

Cobre

Não é comum encontrar cobre na água, mas com a renovação da canalização pode ocorrer contaminação da água. O cobre é tóxico para humanos e peixes, sendo especialmente prejudicial em água mole.

Cloro

Na água corrente, da torneira, é adicionado cloro, pois este é inofensivo para os humanos e é eficaz a matar bactérias. Contudo, a concentração de cloro na água corrente é suficiente para matar os peixes. A água do aquário não deve ter mais de 1mg/l.

Medições

Para fazer medições necessita de comprar um kit que está disponível nas lojas de aquariofilia. Os kits podem ser feitos com gotas, comparando o número de gotas ou a cor que surge como reacção na água do aquário, ou ainda com varas indicadoras que mudam de cor. Existem aparelhos electrónicos que são mais dispendiosos, mas podem compensar para quem necessita de fazer testes frequentemente e possui mais do que um aquário.

Originalmente publicado na Arca de Noé: Fonte
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