Ciclo de NitrogA ciclagem de um aquário é o primeiro passo, após a compra dos equipamentos, para se dar início à aquariofilia. Sem o ciclo de nitrogénio realizado, o aquário não é um local seguro para os peixes.

O ciclo de nitrogénio é um processo biológico de importância vital para o aquário pois permite a transformação de toxinas em fertilizantes para plantas. Esta espécie de “reciclagem” é feita por bactérias que se revelam uma mais-valia para os aquariofilistas. Assim, o ciclo de nitrogénio ou nitrificação destina-se a desenvolver uma colónia de bactérias em número suficientemente grande para poder transformar os elementos nocivos para os peixes em algo tolerado por eles.

Estas toxinas que se acumulam no aquário dizem respeito a valores altos de amónia. A amónia produz-se a partir das fezes e urina dos animais, plantas mortas ou restos de comida. Ao contrário do que acontece na natureza, em que existe um maior volume de água por peixe, o aquário é um ambiente relativamente estanque e a concentração de amónia pode disparar para níveis tóxicos para os peixes numa questão de horas.

O ciclo de nitrificação passa por três fases em que os compostos de nitrogénio se sucedem, tornando-se cada vez menos perigosos:

  1. acumulação de dejectos de peixes, comida e plantas mortas. Bactérias vão transformar o nitrogénio molecular (N2) em amónia (NH4), altamente tóxica para peixes,
  2. transformação, por oxidação, da amónia em nitritos (NO2), com um menor grau de toxicidade, pelas bactérias do género Nitrosomonas
  3. transformação, por oxidação, de nitritos em nitratos (NO3), não tóxico, aproveitado pelas plantas, pelas bactérias do género Nitrobacter

Nos aquários, o ciclo é interrompido neste ponto, pois existem aquários sem plantas naturais para transformar os nitratos ou as plantas existentes podem não ser suficientes para consumir todos os nitratos acumulados. Daí que seja necessário fazer Trocas Parciais de Água (TPA) que vão regularizar o nível de nitratos novamente. As trocas acabam também por diminuir a concentração de amónia e nitritos. As trocas são parciais para permitir que as bactérias permaneçam e que o ambiente se mantenha estável.

O ciclo deve ser feito antes da introdução dos peixes. Caso contrário, a acumulação de amónia gerada pela acção dos peixes pode ser em quantidade superior àquela que as bactérias conseguem processar. Quando o ciclo de nitrogénio não é feito e os peixes são introduzidos precocemente, as bactérias podem não ser suficientes para transformar a amónia em nitritos e depois nitratos e os peixes podem acabar por morrer logo nas primeiras semanas.

Assim, deve comprar o equipamento, aquário, filtros, etc., e por o aquário a funcionar mesmo antes de comprar os peixes, uma vez que demora algumas semanas, entre duas a seis para que o aquário esteja em ciclo.

Para dar início ao ciclo é necessário um depósito de amónia, ou seja é necessário introduzir matéria orgânica no aquário. Alguns peritos aconselham a introdução de um peixe resistente e barato no aquário para dar início ao ciclo, mas se não quiser correr riscos, o mais aconselhável é utilizar comida, folhas mortas, etc. O ciclo pode tornar-se mais lento, mas não obriga a que recorra a medidas de emergência para salvar o peixe introduzido, caso a colónia de bactérias não esteja a suportar o nível de amónia produzido.

Para monitorizar as várias fases do ciclo, basta fazer medições regulares à quantidade de amónia, nitritos e nitratos. Para isso, compre um kit com estes testes e faça-os regularmente. Deve começar a testar amónia a partir de terceiro dia. Os nitritos podem ser testados, quando os valores da amónia caírem.

O valores obtidos devem-se repartir por 3 fases:

  1. acumulação de dejectos que origina o aumento dos níveis de amónia – A amónia pode ser ionizada (NH4) ou não ionizada (NH3). A primeira, presente em ambientes com PH inferior a 7, não é tóxica para os peixes, enquanto a segunda, presente em águas com PH superior a 7, é altamente tóxica, pondo em risco a vida dos peixes se chegar a 2 ppm.
  2. transformação da amónia em nitritos – o valor da amónia deve descer para zero ou valores muito próximos. O ciclo não deve parar nesta fase, pois os nitritos podem impedir a circulação do oxigénio e causar a morte dos peixes por asfixia. Nesta fase é vital a existência de um filtro biológico onde geralmente as bactérias nitrificantes se concentram. Valores de 1 mg/l de nitritos podem ser letais para peixes.
  3. transformação de nitritos em nitratos – o valor de nitritos deve ser reduzido para zero ou valores muito próximos e o de nitratos deve aumentar. Nesta fase, dá-se o ciclo como concluído no aquário, já que na natureza são realizadas outras conversões, mas já é seguro começar a introduzir gradualmente peixes no aquário.

Um ambiente estável no aquário é então um ambiente onde a amónia gerada por peixes, plantas mortas e comida é constantemente processada por bactérias que a transformam em nitritos e estes em nitratos. Este processo é constante, por isso, num ambiente estável, os valores de amónia e nitritos devem ser zero ou próximos.

Uma condição essencial para a realização do ciclo de nitrogénio é a presença de oxigénio. As bactérias responsáveis pelo ciclo consomem oxigénio, são aeróbias, para realizar as transformações, oxidação bioquímica.

Sendo o oxigénio presente na água vital para os peixes, é preciso ter a noção de que a acumulação de matéria orgânica vai implicar um maior consumo de oxigénio utilizado nas transformações da amónia – nitrito – nitrato. Por isso, em aquário comunitários, por vezes torna-se indispensável a plantação de plantas, que ao realizar a fotosíntese estão a transformar o dióxido de carbono em oxigénio, ou de aparelhos que ao fazer circular a água, dotam-na de uma maior percentagem de O2.

Originalmente publicado na Arca de Noé: Fonte
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