Um milénio antes do nascimento de Cristo, os fenícios chegaram à Península Ibérica e depararam-se com um animal que lhes era desconhecido mas que abundava na região. Por falta de melhor palavra, apelidaram o coelho de I-shphanim, que traduzido à letra significa uma “espécie de Damão”, um animal peludo e pequeno que já conheciam. Também é conhecida a variante Hi-shphanim, que significa “ilha dos coelhos”. Esse nome veio mais tarde dar origem à designação que os romanos davam à Península Ibérica: Hispania.
Mas a “terra dos coelhos” já era habitada por estas criaturas à bastante tempo. Existem fósseis que sugerem que os coelhos já se encontravam na Península Ibérica há 900 mil anos. Em Portugal acredita-se que o coelho era o mamífero mais abundante no período Mesolítico.
Coelho bravo
Todos os coelhos domésticos descendem do coelho europeu (Oryctolagus cuniculus), incluindo até os coelhos anões. O coelho bravo não é uma lebre, animal com o qual é confundido muitas vezes. Estes distinguem-se não só pelo comportamento, mas também pela aparência. As lebres são geralmente mais compridas e esguias do que os coelhos bravos, têm orelhas mais longas e na pelagem têm pontos negros. O coelho bravo tem as patas mais curtas e corre melhor do que a lebre. Para além disso, os coelhos bravos nascem sem pêlo e sem visão, enquanto que nas lebres acontece exactamente o contrário. As lebres são animais solitários e vivem à superfície, enquanto que os coelhos bravos são gregários e constróem tocas subterrâneas.
Mas para quem gosta de ter um lagomorfo em casa, talvez o mais importante seja o facto de que nenhuma lebre foi, até agora, mantida com sucesso em cativeiro.
O coelho bravo é um animal que está na ementa principal de dezenas de predadores e é perseguido por ar (águias e corujas), solo (raposas) e até mesmo debaixo de terra, vandalizando as tocas (texugos).
Domesticação
O coelho permaneceu um animal selvagem durante bastante tempo se compararmos a sua domesticação com a de outros animais, como a vaca ou até mesmo o cão, por exemplo. Não é claro quando ocorreu a domesticação do coelho, mas tudo começou com a produção de coelhos para a alimentação. Sabe-se que os romanos, nos tempos imperiais, criavam coelhos em zonas fechadas para produção de carne.
Contudo, é só no século V d.C., que existem evidências de que o coelho já era um animal domesticado em França. Atribuí-se crédito a esta domesticação aos monges que tendo de permanecer confinados no mosteiro tiveram de arranjar uma forma de produzir carne num espaço delimitado. O coelho surgiu assim como o animal ideal.
Mais tarde, no século XII, o coelho foi introduzido na Inglaterra não só como animal selvagem, mas também doméstico.
Animal de companhia
Os coelhos tornaram-se bastante comuns em quintas, devido à sua reprodução a um ritmo acelerado. Mas foi só no século XIX que passou a ser tido como animal de companhia. Os aficcionados por coelhos começaram então a organizar exposições tanto na Europa Ocidental como nos EUA. A lebre belga, uma raça de coelhos seleccionada para se assemelhar a uma lebre, era talvez a raça mais comum na época.
A par da domesticação, começaram também a ser seleccionadas várias raças conforme a utilidade que era dada ao animal: produção de carne, pêlo, etc. Quando o coelho se tornou popular como animal de companhia, outras raças começaram a ser apuradas. A lebre belga perdeu a sua popularidade para o Beveren no fim da II Guerra Mundial. Mais tarde, as raças anãs começaram a conquistar terreno, pois eram mais adequadas à vida na cidade e, sobretudo, em apartamentos. Mas as opções de escolha são variadas: no Reino Unido são reconhecidas 57 raças (ver caixa) que perfazem mais de 500 variedades de coelhos domésticos.
Apesar de ter uma domesticação recente, o facto é que o coelho conseguiu conquistar o seu lugar como animal de estimação e os seus fãs aumentam de dia para dia. Entre os britânicos, o coelho é já o terceiro animal de companhia mais popular.
Lista de raças de coelhos
Alaska | English | Lop-Mini | Siberian |
Angora | Flemish Giant | Lop-Meissner | Silver |
Argente | Silver Fox | Netherland Dwarf | Smoke Pearl |
Belgian Hare | Harlequin | N/Zealand Red/White | Sussex |
Beveren | Havana | Giant Papillon | Swiss Fox |
Blanc de Bouscat | Himalayan | Perflee | Tan |
Blanc de Hotot | Lilac | Pointed Beveren | Thrianta |
Blanc de Termonde | Lionhead | Polish | Thuringer |
British Giant | Mini Lion Lop | Rex Standard | Tri-Dutch |
Californian | Lop-Cashmere | Rex Mini | Vienna |
Chinchilla | Lop-Mini-Cashmere | Rhinelander | Hulstlander |
Chinc-Gi | Lop-Dwarf | Marten Sable | Fauve de Bourgogne |
Conti | Lop-English | Siamese Sable | |
Deilenaar | Lop-French | Sallander | |
Dutch | Lop-German | Satin |
Originalmente publicado na Arca de Noé: Fonte
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