RNo habitat natural, parasitas e répteis convivem deste a nascença e graças a um equilíbrio frágil, conseguem sobreviver. Em cativeiro, devido às características de alojamento, os parasitas são sérias ameaças à saúde dos répteis.

Os parasitas são pequenos animais que vivem, alimentam-se e reproduzem-se num hospedeiro. Existem milhares de animais microscópicos que dependem de um hospedeiro. Nuns casos, tanto os organismos como o hospedeiro beneficiam da relação estabelecida, no caso dos parasitas, o hospedeiro sai prejudicado.

Os répteis são obrigados a conviver com parasitas na natureza. Mas como os répteis têm uma maior liberdade de movimentos, podendo afastar-se das suas fezes e pele morta (foco de parasitas) e como há bastantes répteis para atacar, a quantidade de parasitas que cada réptil tem é geralmente pequena e o animal não tem  a sua saúde em risco. Em cativeiro, o número de répteis num terrário é reduzido e os parasitas vêm-se obrigados a depender de um só hospedeiro, atacando-o em massa.

Um réptil pode vir com parasitas da loja ou criador e não mostrar sinais exteriores de parasitismo durante os primeiros tempos. Contudo, basta o aumento do stress que origina uma quebra no sistema imunológico para trazer consequências graves para o réptil. Em cativeiro, as condições do alojamento favorecem a multiplicação de parasitas e o réptil não consegue conviver com eles ou combatê-los sozinho.

Os animais capturados da natureza vêm geralmente parasitados e devem passar por um período de quarentena antes de serem transferidos para o terrário definitivo. É por isso muito importante levar o réptil ao veterinário. Em alguns casos, os parasitas são visíveis, mas é necessário olhar com bastante atenção para os encontrar. Outros parasitas não são visíveis e é necessário a recolha das fezes do animal ou sangue, para que o veterinário possa diagnosticar o réptil.

Para eliminar os parasitas, existem vários produtos no mercado, antiparasíticos, tanto para serem utilizados nos animais, geralmente orais para parasitas internos e em spray para parasitas externos, como nos terrários, em spray. Contudo, estes produtos podem ser tão nocivos para os répteis como para os parasitas se não forem utilizados adequadamente. Em primeiro lugar, é preciso identificar com clareza o tipo de parasita, uma vez que os produtos são específicos para determinados organismos, ou seja, um produto é indicado para um determinado tipo de parasitas, mas é ineficaz sobre outros. O diagnóstico deve ser feito pelo veterinário e as suas indicações devem ser seguidas. No caso de parasitas internos, tal como os humanos, os répteis são também hospedeiros de um vasto leque de organismos, com os quais convive sem prejuízo para a sua saúde. Deve por isso levar o réptil a um veterinário experiente nestes animais para que o médico saiba identificar qual o parasita que está a causar problemas. Recolha também parte das fezes, mesmo que desconfie apenas de parasitas externos. Isto porque geralmente um réptil com parasitas externos tem também parasitas internos.

Não existem sintomas exclusivos que apontem para a presença de parasitas. Falta de apetite, vómitos, olhos com corrimento, perda de peso, altos na pele, diarreia, fezes (mais) mal cheirosas, barriga inchada ou demasiado encolhida, comichão, etc., constituem os principais sintomas.

Parasitas externos

Existem vários parasitas externos. Os ácaros podem ser observados sobretudo nos lagartos, cobras e tartarugas semi-aquáticas. Vivem nas escamas e pele do hospedeiro. As carraças afectam sobretudo as cobras e lagartos, mas também podem ser encontradas em tartarugas. São parasitas que se agarram à pele dos animais. As larvas de mosca são um outro tipo de parasita. Os ovos são depositados em tecido ferido, desenvolvem-se e dão origem a larvas.

Os parasitas podem estar presentes num réptil ou no seu terrário. Os ácaros contaminam facilmente terrários e animais passando de vendedor em vendedor até chegar ao dono final.

O tratamento do animal com um produto adequado que deve ser aconselhado pelo veterinário, deve ser acompanhado da lavagem e desinfecção integral do terrário e de todos os objectos. Para isso necessita de um sítio alternativo onde albergar o réptil enquanto o terrário principal não está pronto para o receber. No fim, lave e desinfecte o terrário suplente.

A grande maioria dos tratamentos abrange apenas os ácaros já formados, deixando os ovos intactos e por isso convém prolongar o tratamento dos répteis durante algum tempo. Deve colocar estas questões ao veterinário e seguir as indicações.

Parasitas Internos

Os parasitas internos podem ser facilmente eliminados, mas nem todos respondem à mesma medicação e é por isso importante uma visita ao veterinário. A dificuldade na eliminação dos parasitas internos deve-se a uma grande variedade existente e a uma não exclusividade dos sintomas. Existem quatro subgrupos de endoparasitas:

Os protozaicos podem-se alojar no trato intestinal ou na corrente sanguínea e afectam sobretudo os lagartos, as cobras e mais raramente as tartarugas.

Os tremátodes atacam sobretudo as tartarugas, desde o sistema sanguíneo até ao sistema digestivo, passando até pelo nariz e boca.

Os cestóides alojam-se sobretudo nas cobras, embora haja lagartos mais susceptíveis, como por exemplo os varanus. Há casos reportados em tartarugas. Encontram-se nos músculos, tecido subcutâneo, intestinos, trato intestinal e no fígado.

Transversal a cobras, lagartos e tartarugas são os nematódeos. Podem ser encontrados nos pulmões, esófago, intestino, corrente sanguínea e no fígado.

Tal como é mostrado, os parasitas podem atacar diferentes órgãos e despistar assim os menos experientes. O veterinário poderá mesmo ter de recorrer a outras técnicas para além da análise de fezes e sangue para os identificar, como por exemplo um raio-X.

Os endoparasitas podem multiplicar-se ao ponto de não permitirem que o réptil consiga digerir a comida. Tornam também o réptil mais frágil quando padece de outras doenças e podem comprometer a recuperação. Em casos extremos, o grande número de parasitas internos pode levar à morte do animal.

Principais focos de parasitas

Água, comida e fezes são os principais focos de parasitas. Tudo gira em volta da limpeza do terrário: a água deve ser mudada todos os dias ou no máximo, de dois em dois dias. A comida, como por exemplo grilos ou vegetais e fruta, devem ser retirados do terrário assim que o réptil se der como satisfeito com a sua refeição. O alimento vivo pode trazer parasitas e os alimentos frescos apodrecem facilmente. As fezes devem também ser limpas o mais rapidamente possível. Em alguns casos, os animais podem ser alimentados noutro local, onde permaneçam até defecarem. Depois são colocados novamente no terrário. Desta forma o número de fezes no terrário principal é reduzido.

Os donos devem também ter cuidado com a sua própria higiene, pois alguns dos parasitas encontrados nos répteis podem ser transmitidos para os humanos. Lavar bem as mãos antes e depois do manusear o réptil é extremamente importante.

Originalmente publicado na Arca de Noé: Fonte
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