A mortalidade da picada do escorpião está associada a vários factores. No México, morrem em média 1000 pessoas por ano devido à picada de um escorpião, enquanto que nos Estados Unidos da América, apenas 4 casos fatais foram registados ao longo de uma década. Segundo os dados mais recentes do Centro de Informação de Antivenenos, em Portugal, foram registados 84 casos de picadas de lacraus, em 2006, e 76, em 2007. Contudo, apenas um caso se tratou de uma intoxicação grave, não havendo registos de mortes nestes dois anos (ver caixa).
A perigosidade da picada de um escorpião varia conforme a espécie, a idade e peso da vítima, o local da picada e ainda os cuidados médicos recebidos posteriormente.
Espécies
O perigo da picada dos escorpiões é real, mas aplica-se apenas a algumas espécies. Das mais de 1500 espécies de escorpiões, apenas 50 são perigosas para os humanos e destas, apenas uma pequena parte causou mortes em humanos.
A grande maioria das picadas é acidental. Os escorpiões são animais noctívagos e preferem fugir a atacar. Contudo, usam o espigão para matar as presas ou quando se sentem encurralados.
Espécies mais perigosas
Os escorpiões mais tóxicos pertencem à família Buthidae. Leiurus quinquestriatus possui o veneno mais perigoso de todos, mas é o Androctonus australis o responsável por mais mortes humanas. Nativo do Norte de África, muitas destas mortes devem-se a negligencia por parte das pessoas que os mantém em cativeiro.
Os escorpiões são geralmente encontrados em zonas áridas, por baixo de pedras ou outros objectos. São os escorpiões com um espigão maior e mais grosso que mais perigo representam para os humanos. Geralmente os escorpião com pinças mais desenvolvidas é o que menos veneno tem na cauda. Na verdade, são os escorpiões mais pequenos aqueles que têm o veneno mais mortal.
Escorpiões menos perigosos
Os escorpiões menos perigosos são os que geralmente são mantidos em cativeiro. Isto porque não representam perigo para adultos saudáveis e porque a picada destes, caso ocorra, não causa tanta dor.
Pandinus – O Escorpião Imperador (Pandinus imperator) e Escorpião de Pinças Vermelhas (Pandinus Cavimanus) são os mais escorpiões mais representativos deste género e os mais populares entre os entusiastas do hobby. São animais cuja intensidade da picada é comparada à da abelha ou da vespa. Não são perigosos para adultos saudáveis. Caracterizam-se por ter pinças robustas e espigões curtos.
Hemiscorpiidae – Nesta família estão alguns dos escorpiões menos venosos. Paradoxalmente, o género Hemiscorpius desta família é a excepção, já que a ela pertencem alguns dos escorpiões mais perigosos, sobretudo o Hemiscorpius lepturus.
Heterometrus – Heterometrus spinifer e Heterometrus javanensis são algumas das espécies que pertencem a este género presente no continente africano e asiático. Têm picadas relativamente benignas, isto é, com um toxicidade baixa e com uma intensidade semelhante à dos Pandinus.
Lacrau
No nosso país só existe apenas uma espécie de escorpiões, o Buthus occitanus, mais conhecido por Lacrau. Esta espécie pertence à família Buthidae, mas o seu veneno não é capaz de matar um adulto saudável. É necessário especial cuidado com crianças, idosos e alérgicos.
O Lacrau distribui-se por todo o território nacional e pode ser encontrado em Trás-os-Montes ou no Algarve. É particularmente comum em regiões áridas. São uma espécie protegida e não podem ser recolhidos da natureza para serem mantidos em cativeiro.
Vítima
As crianças, alérgicos e idosos são os que mais riscos correm com a picada de um escorpião. Nas crianças, por serem pequenas, o veneno espalha-se mais rapidamente e os alérgicos podem fazer reacções fatais às picadas, que noutras pessoas são inofensivas.
Local da picada
A grande maioria das picadas concentra-se nas mãos e nos pés. A pele mais grossa destas zonas faz com que o veneno não penetre tão profundamente, o que faz com que estas sejam zonas de menor risco no corpo.
Tratamento
A picada dos escorpiões é geralmente dolorosa. A zona picada fica inchada, vermelha e pode até haver uma ligeira paralisia. Se se tratar de uma picada de uma espécie pouco tóxica em adultos e não alérgicos, basta aplicar gelo no local. Se a picada for em crianças com idade igual ou superior a 5 anos, em alérgicos ou idosos, o médico deve ser consultado no momento.
Nos casos mais preocupantes, deve ser feito um garrote junto à zona picada, semelhante ao que é feito com picadas de cobras. A pessoa picada deve ficar em repouso absoluto e não devem comer nas horas seguintes. Nestes casos pode haver espasmos musculares e hipotensão ou nas situações mais graves podem ocorrer paragens cardiorespiratórias, que geralmente levam à morte.
Picadas de escorpião em Portugal
Dados fornecidos pelo Centro de Informação de Antivenenos
Por Idade:
2006 | 2007 | |
Crianças | 18 | 16 |
Adultos | 66 | 60 |
Por Gravidade:
Gravidade | 2006 | 2007 |
Ligeira | 57 | 46 |
Moderada | 26 | 26 |
Grave | 0 | 1 |
Não Averiguada | 1 | 3 |
Por Localidade:
Localidade | 2006 | 2007 |
Beja | 3 | 4 |
Bragança | 1 | 0 |
Castelo Branco | 1 | 2 |
Coimbra | 4 | 3 |
Évora | 9 | 4 |
Faro | 11 | 12 |
Guarda | 3 | 2 |
Leiria | 0 | 7 |
Lisboa | 3 | 7 |
Portalegre | 3 | 4 |
Porto | 5 | 5 |
Santarém | 3 | 7 |
Setúbal | 10 | 10 |
Vila Real | 3 | 2 |
Viseu | 4 | 5 |
Desconhecida | 21 | 2 |
Originalmente publicado na Arca de Noé: Fonte
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